Aqui estou eu mais uma vez no computador. E pra que? Pra lamentar da vida... pra desabafar... pra falar de mim, dos meus sentimentos, de minha dores e dissabores. Há três dias fiz uma cirurgia de extração de sisos. Minha cara inchou. Meu lábios ficaram dormentes, meus dentes abalados. Há três dias tomando papinhas, iorgutes, cremes, sucos, pamonha pré-cozida e tudo o mais que não pode ser mastigado. Um bom momento pra parar de fumar. Faltava-me um motivo. O da saúde nunca me serviu. Parece que sou jovem demais pra ter um câncer e, ao mesmo tempo, parece que vivi demais. Parece que me encontro na fronteira. Consigo me sentir jovem e velho ao mesmo tempo, reflexo das formas como sou tratado e visto. Voltando ao cigarro, parar de fumar é como se fosse um portal pra outra vida. Uma vida diferente da que eu vivo. Mais disciplinado, mais coerente, mais centrado. Sinto-me sempre no abismo... uma imagem que pode cair a qualquer momento. De novo a história da fronteira. Rs... no momento em que escrevo esse novo relato, toco sem parar a faixa dois do meu CD do smashing pumpkins. A única música que representa o contexto. E mesmo não sabendo a letra, para mim é como se fosse à trilha sonora de minha vida. Escuto essa música que é linda, calma, libertadora e angustiante. Me faz querer escrever sem parar palavras tortas e sem sentido. Talvez nada que eu sinto no momento faz muito sentido. Talvez seja tudo vontade de fumar mais um cigarro e as palavras sejam a minha fuga. Mais uma vez coloco na faixa 2 do cd.
Ai! Estava tudo bem até meu amigo me dar seu celular pra eu atender falando pra eu dizer o nome da pessoa em voz alta. Se fosse alguém que ele não queria atender, só acenaria a cabeça como sinal de um não. Intuitivamente, passei o telefone pra outro amigo. Quando ele atendeu ao telefone, alguém gritava do outro lado dizendo que era o papai Noel. Papai Noel no dia das mães?! Não era o papai Noel... era meu ex namorado. Eu quase engasguei na hora. Namoramos só duas semanas, mas marcou muito minha vida. Como foi intenso! Enfim... acabou por motivos que não sinto vontade de lembrar. Nitidamente abalado, um dos amigos que estavam na mesa me perguntou se eu ainda gostava dele. A resposta foi bem sincera: é claro! Rs... nunca liguei muita pra meu orgulho e pra minha dignidade. A sinceridade sempre me foi maior. Parecia até uma cena de um filme de Almodóvar... que presente eu recebi desse papai Noel, heim?! É a vingança dos papais Noel contra quem desde pequeno questionou sua existência. Rs... meu amigo tentando me ajudar, começou a falar de problemas da vida dele... com uma professora, numa apresentação de um trabalho de faculdade. Eu estava super contemplado até que... até que... ele disse a palavra “cigarro”. Por que ele foi dizer aquela palavra? Ele conseguiu ativar todos os meus esquemas mentais que possuía essa palavra. Meu estômago congelou. A ansiedade tomou conta de mim. Seria que existia alguma relação entre o vício e meu ex? Será que o amor é um vício? E se for, será que os vícios estão ligados uns aos outro?
Lembrei-me dos tantos cigarros que fumei com meu ex em momentos únicos, mágicos de carícias e carinhos ao som de Los Hermanos. É... talvez isso não fosse uma lei da física, nem uma explicação obtida através de análise estatística multivariada de dados. Mas era uma explicação que encaixava perfeitamente com aquele momento. Eu só conseguiria esquecer o cigarro, se esquecesse o ex e vice-versa! E ninguém me provaria o contrário! Rs... ou talvez, eu só conseguiria viver minha vida numa boa se conseguisse enfrentar e vencer meus vícios. Enfrentasse os momentos difíceis com orgulho, dignidade e otimismo, acreditando que amanhã será um dia diferente, melhor. Antes que essa coisa melosa vire algo do tipo auto-ajuda... ou auto-auto-ajuda, do qual eu possa ler e me levantar... acho que vou fumar um cigarro pra me lembrar que tudo isso é besteira! Rs... brincadeira! Não vou fumar um cigarro... mesmo porque minha vontade de fumar já não está mais forte e a faixa 2 do CD já passou faz tempo!
sexta-feira, 9 de maio de 2008
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